sábado, 2 de julho de 2011

VIAJAR É PRECISO



“Um turista é mais um observador, um estrangeiro que contempla os locais,enquanto o viajante é absorvido pela experiência e pelas minúcias do destino. Ele procura recantos pouco conhecidos e se compraz em interagir com os que cruzam seu caminho.”

(Patrícia Schultz - jornalista)


Sem a bússola chamada rotina, somos folhas ao vento, livres de horários e tarefas a cumprir .... As regras servem para ordenar os dias para direcionarmos nossa energia para que as coisas funcionem a contento. No entanto, vez ou outra, temos que furar o cronograma, nos exilando em lugares onde possamos experimentar uma nova vida, bem diferente daquela que conhecemos de olhos fechados.
Sair da rotina é fundamental para a saúde física e mental. Em viagens vamos nos desconectando das preocupações e das cobranças até aprendermos a apenas estar.
Viajar transforma a mente, a alma e o coração. Nós nos expandimos como um todo e nos tornamos pessoas melhores. A metamorfose vale tanto para o turista quanto para o viajante, pois geralmente nos comportamos um pouco como cada um.

Instintivamente buscamos contato com a natureza para nos consolar quando estamos sós ou confusos ou para recobrarmos a paciência perdida no dia a dia....A irritação se dissipa em lugares amplos como o deserto, o campo ou em alto-mar. Quando estamos impacientes, o elemento espaço encontra-se obstruído em nossa mente. Ao contemplarmos paisagens vastas, resgatamos essa qualidade. Isso acontece porque temos em nosso corpo e mente os mesmos elementos e energias encontrados no meio ambiente: espaço, vento, fogo, água e terra. Em outras palavras, todos o seres e fenômenos estão interligados. Uma vez inseridos em ambientes puros, automaticamente purificamos nossos elementos internos.
“O ajuste a uma realidade diferente da nossa requer tolerância, respeito e auto-observaçao. Posturas básicas das relações humanas.”
Quem vive nos grandes centros, em geral, esquece que também é bicho! Mas esse lapso de memória é passageiro. A lembrança remota nos invade ao estreitarmos relações com a natureza. Assim, nos aproximamos do nosso EU mais primitivo. O contato com as praias, ilhas, trilhas, montanhas ou desertos, além de inspirador e reenergizante, nos devolve nossa essência, o que verdadeiramente importa na vida. Para essa interação acontecer é dispensável grandes preparativos, basta roupa adequada, protetor e repelente. Uma vez lá, preocupações e problemas tendem a desaparecer em instantes. É melhor não criar expectativas e nem fazer roteiros com muitas atividades, assim sobra bastante tempo para sentar numa praça, conversar com os habitantes, descobrir lugares que freqüentam e suas atividades prediletas.

Mesclar-se ao cotidiano e à cultura local é sempre garantia de ricas experiências, além de surpresas agradáveis
Numa viagem, a pior circunstância pode tornar-se uma benção se colocarmos o bom humor na frente da decepção e é assim que tem que ser. Se algumas ocorrências nos frustram sem aviso prévio, outras podem ser prevenidas. Basta seguirmos o sábio conselho: “escolha seu companheiro de viagem de forma criteriosa. Ele pode tornar as saias justas ainda mais apertadas.”

Ultrapassadas as barreiras, podemos soltar o corpo e liberar a mente de seu padrão familiar de funcionamento. Eis o momento de sentir a areia roçar os pés, a água da cachoeira resfriar a pele, a luz do pôr do sol aquecer o rosto.” Podemos explorar cores, cheiros e sabores, além de aproveitar ao máximo as condições climáticas, faça chuva, sol ou vento. É interessante descobrir terapias locais e receitas caseiras. É gostoso ser surpreendido e se permitir aprender com o diferente.
No campo ou na praia, temos a chance de escutar folhas ao vento, grilos e ondas. Sons que ajudam a mente a silenciar. Assim, acessamos o silêncio espiritual. Instante que nos conectamos ao estado mais puro da existência: a União com o Todo!!!!”
Depois da exploração do lugar,é aconselhável aproveitar o silêncio.

A quietude costuma ser a paisagem mais restauradora da viagem.
Uma boa estratégia para aproveitar os momentos de calmaria é viajar no contrafluxo, ou seja, no verão suba a montanha e no inverno desça até a praia.
Viajar é acima de tudo, uma janela através da qual adentramos uma realidade paralela. Mais lenta, saborosa e colorida.
“Há um ganho sensorial e subjetivo que se reflete na respiração, mais fluída; no sono, mais profundo e restaurador; na pressão arterial, que costuma arrefecer. Sem falar na criatividade que sai favorecida.”
O grande desafio é transpormos para o cotidiano a memória da lentidão da vivida na viagem. Porém, a corrida interna ditada pela ansiedade pode ser freada, se aprendermos a fazer as coisas com absoluta presença. Isso significa reduzir o ritmo interno, apesar da aceleração externa.

Para tanto, devemos observar o modo como nos movemos e a cadência da respiração, exercitar a calma para escutar o que o outro está dizendo, aprender a sentir antes de falar.
Tudo isso gera uma desaceleração dos atos, dos movimentos. Assim, aprendemos a ser menos impulsivos e agressivos.

Como nos momentos em que o grande dilema é decidir se tomamos banho de mar ou de cachoeira....

Revista Bons Fluídos
Junho/2011

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