quarta-feira, 6 de julho de 2011

LIVRO - CARTAS ENTRE AMIGOS

Para iniciar, algumas reflexões...

"Que deturpação é essa do conceito de viver?"








"A cultura não pode destruir a vida, ao contrário, tem de preservá-la."








"A paz ainda é uma utopia."







"Temos que lutar para que os desvarios mundanos não roubem nossa sensibilidade."







"É no silêncio de nosso porões que habitam muitas razões."




Pe. Fábio,
Persigo a paciência como persigo a inquietação. Não quero deixar as coisas como estão. Quero mudar o mundo sim, e para isso preciso também da paciência. E da cumplicidade. Sozinho, sou incapaz de prosseguir, até porque os medos contemporâneos não me abandonam. Sozinho, sou capaz de desistir. Suas composições nascem de sua compaixão. E seu repertório empresta um tema àqueles que por razões menores desistiram de viver. A terra precisa de semeadores, embora a rede seja aparentemente mais agradável. Na rede, o descanso merecido. Passar a vida na rede enjoa. O balanço agrada um tempo. Muito tempo deprime. Balancemos nosso deitar como a simples espera do levantar. E mais nada.levantemos amigo. A plantação está linda, mas há algumas pragas que temos de lançar fora.
Gabriel Chalita


Gabriel,
É o discurso que não abre mão da sensibilidade, que realiza a proeza de colocar na mesma pauta razão e emoção. Resta-nos fazer justiça às injustiças que todos os dias batem à nossa porta. Nós também precisamos ser vacinados contra a maldade que está presente no mundo. A maldade é sedutora. Ninguém está livre desta contaminação, por isso precisamos buscar resistência diária. É uma questão de sobrevivência, de ficarmos imunes. Eu busco essa imunidade nas palavras. Necessito de palavras assim como nessecito de pão. Gosto muito da passagem bíblica que diz que "nem só de pão vive o homem". É verdade. Há outras fomes que precisamos alimentar. Tão importante quanto alimentar o corpo é alimentar a alma. É claro que esssa divisão "corpo e alma" é meramente didática. Creio na integralidade humana. Somos corpo e alma. É no corpo que a alma experimenta o mundo. É através da alma que o corpo transcende sua materialidade. As palavras alimentam realidades menos visíveis. Entram na mente e se perdem nos místicos emaranhados da alma. Escolher o que vamos comer é escolher o que seremos. As pessoas erram muito porque refletem pouco. A religião que praticamos só pode ser benéfica se nos fizer refletir. Caso contrário é alienação. Há muitos comportamentos e tradições que são mantidos sem que suas causas sejam conhecidas. Uma boa palavra, é um bom alimento. Traz saúde! Pe. Fábio



Pe. Fábio, Continuemos nossa escrita. Sejamos servos voluntários de palavras que vão ganhando significado e vida e vão dando significado e vida às nossas histórias. As relações de amor são trabalhosas. As diferenças incomodam. O convívio diário é desafiador. Até mesmo para amigos. Uma viagem,por exemplo, é um desafio. Cada um com a sua vontade. Ou pior, cada um com ânsia de que a sua vontade prevaleça. E a paisagem perde o significado. Deixmaos de contemplar oceanos, serras e construções, para implicar com o viajante amigo que ocupa algum espaço em nossa travessia. A viagem familiar é ainda mais trabalhosa. É o cotidiano que acinzenta as relações quando o ordinário não tem o poder de trazer a poética do extraordinário. O extraordinário é a ternura que transmuta esses gestos e confere a eles novos significados. O alimentar é uma celebração de amor que envolve o preparo, a conversa, a refeição, a despedida. O acordar deixa de ser um gesto corriqueiro quando se é capaz de agradecer a Deus pela vida que se renova e de, pleno desse agradecimento, tocar com leveza na história que nos acompanha. O amor não se preocupa com detalhes para reparar o imperfeito; ao contrário, utiliza os detalhes para fazer perfeito aquilo que deve ser reparado com cuidado. Gabriel



Gabriel, A palavra é guardiã da verdade. Ainda que de forma limitada e imperfeita, ela sempre poderá nos encaminhar ao conhecimento dos segredos do mundo. Gabriel, a vida só tem sentido se tocarmos o coração das pessoas. Toque que nos aproxima da missão de redimir os sofrimentos que funcionam como obstáculos que ofuscam e impedem a realização humana. Esse é o código que diferencia o ser humano dos outros. O amor fraterno não se prende aos atos humanos, mas sugere uma continuidade eterna, coisa de quem sabe que a materialidade da vida não esgota os seus significados. Assim nos ensinou Jesus!! Tento ser fiel ao Deus que me inspira. Eu não inventei nada! Creio firmemente que a proposta de Jesus, quando assumida e encarnada de maneira mística e histórica, é um instrumental eficaz para que o mundo volte a se aproximar da harmonia inicial que as Sagradas Escrituras nos sugerem. Não podemos mais admitir que o discurso religioso continue sendo usado de maneira tão equivocada e absurda. Não é possível viver esperanças do céu sem as responsabilidades da terra. Somos os braços humanos de Deus.! As religiões são caminhos que procuram nos aproximar da Revelação Divina. Cada um, a seu modo, faz seu caminho....O importante é que todos nós estejamos empenhados na promoção da justiça, da verdade e da vida. Empenhados em destruir a corrente do mal que insiste em prevalecer entre nós. Meu amigo, o mal crece de forma assustadora pelos quatro cantos do mundo. Como? Alguém o ensina? O ser humano é o lugar onde o mal se concretiza. Não compreendo o mundo a partir dessa linha imaginária que o divide entre o bem e o mal. Essa divisão não corresponde ao que minha experiência me revelou. O que tenho do mundo é sua concretude, o seu peso existencial a me afetar o tempo todo. O mal está por toda parte, mas o bem também está. Por vezes, só o bem prevalece. Por vezes, só o mal. Tudo depende do que vamos deixar crescer. Ter conhecimento do processo é tão importante, quanto chegar ao fim.
Pe. Fábio




Pe. Fábio, Infelizmente, muitos são aqueles que passam a travessia a desconstruir a imagem alheia. Vivem de restos de destruição. Se há sujeira, limpemos. A sujeira foi feita. O mundo nasceu limpo. Na sociedade em que vivemos, as cobranças escodem o valor da cooperaçao. Se estou pronto para competir e vencer, dificilmente estou pronto para olhar para o lado.Os nossos filhos, vão mentindo para poder continuar no topo. Aprenderam a odiar, que pena. Poderiam ter aprendido a amar. Sejamos mestres de nosso destino e comandante de nossa alma. O futuro existe! Gabriel





Gabriel, Só podemos crescer, na medida que saímos de nós. Um ser humano só pode alcançar a inteireza do que é à medida que se possui. Nascemos indivíduos. Só podemos nos tornar pessoas à medida que nos exercitamos na edificação dos dois pilares: posse de si e disposição ao outro. Só pode se oferecer verdadeiramente, aquele que já dispõe de si. A verdade é que ninguém é por acaso. Viver ensimesmado é uma tragédia. Tentativa de cessar perdas. É como se o isolamento fosse capaz de paralisar o nascimento das desarmonias do mundo. Tem gente que toda vez que seus sentimentos são ameaçados tanto para se entristecer quanto para se alegrar, encontra na agressividade o escudo para se proteger. Mandela preferiu ganhar de outro jeito...Mandela é pessoa. Possui o que é. Ele compreendeu que perdoar é ganhar. Mesmo sendo odiado, nunca permitiu que o ódio achasse repouso em suas entranhas. Só pode resistir ao ódio, sem a ele sucumbir, aquele que se possui. Um homem que não é capaz de administrar a própria natureza humana jamais poderá exercer a administração do bem comum. O ódio é um sentimento cansativo, pois gera peso para a mente que o administra. A criatura odiada ocupa um espaço imenso na mente que odeia. A mais sangrenta de todas as prisões é aquela que construímos dentro de nós mesmos. É o lugar onde trancafiamos a vida que não deu certo.É o calabouço onde resguardamos as palavras que nos machucaram, as pessoas que nos feriram. É nessa prisão, que fabricamos o ódio que sentimos. É nesse lugar sombrio que nutrimos o sangue que nos assassina. É nele que está o motor que nos move e nos coloca nos braços desumanos da morte. O que somos e seremos depende do caminho escolhido. Continue acreditando no poder da palavra que ensina a amar. É através dela que Deus pode alcançar os meninos que ainda não decidiram o destino que darão aos sentimentos que os envolvem. Pe. Fábio




Pe. Fábio, Fico pensando em quantas pessoas padecem por não conseguirem abrir as torneiras da sensibilidade. Vão explodindo pela falta de atitude em dar vazão a esses vulcões que nos habitam. Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos par ao espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o filho. Marido que nunca viu a esposa. Nossos olhos se gastam no dia a dia, opacos. É por aí que se instala o monstro da indiferença. Não é fácil tomarmos posse de nós mesmos. Desequilibramos por razões adversas e perdemos o ritmo de nossa caminhada. E avançamos na insanidade de destruir caminhadas alheias. E aí surgem os sentimentos inferiores, que tanto nos incomodam. E novamente teremos que convidar o amor para enterrá-los. Tarefa árdua! Pe. Fábio, nossa amizade traz o frescor que tanto é essencial. Há outros amigos em nosso vagão de viajem na vida.Amigos que são ouvintes atentos, que nos avisam dos perigos, mas permitem que experimentemos os riscos da liberdade sem nunca negar o aconchego se algo falhar. Amigos são assim. Mesmo quando teimamos em entrar na água fria, ficam próximos com as toalhas preparadas e, se necessário, as cobertas. Aprendemos com os erros e, com os erros, nos compreendemos mais humanos. E aí surgem as opções: a vingança ou o perdão? Amigos são poetas da alma, sem interesse algum. Na solidão de nossas decisões e no vazio das nossas escolhas, vamos percebendo quem é necessário e quem não entendeu o que é amar. Quanto são os que oferecem o perfume da euforia para que o cheiro da falsidade fique imperceptível? Cedo ou tarde, esquecerão de usar o perfume e o odor natural será sentido. Gabriel







Gabriel, Estou em minha cidade, Formiga (MG). Meu amigo, nascer, crescer e viver num contexto de simplicidade é um destino que só nos faz bem. A cidade pequena nos permite a visibilidade que nos prende em raízes sólidas. A vida no interior condensa riquezas admiráveis. Há menos pressa nos olhares que encontramos. Fui visitar a feira de artesanato e fiquei ouvindo explicações sobre o processo de feitura da renda. Minha mente reportou este trabalho ao meu cotidiano. Fiquei pensando em quantas pessoas que trabalham para que minha vida possa acontecer da forma como acontece. Pessoas que vejo, pessoas que não vejo. A renda reforçou minha reflexão. Fiquei refletindo sobre a beleza que resguarda o anonimato das mãos que as fizeram nascer. Levo uma toalha, levo um tempo da vida de quem a confeccionou. O artesanato condensa uma multiplicidade silenciosa de vivências. A visibilidade é um mistério que me instiga a pensar no cordão que nos ata, que nos reúne num mesmo lugar: a condição humana. Não é possível crescer, estando distantes das raízes que temos. Pe. Fábio





Pe. Fábio, Educar é lançar redes para que a teia da vida vá se abrindo sem economias; é apresentar a folha, o lápis e a borracha e avisar que tem mais; é ajudar a compor a canção que há de acompanhar desde o nascimento até o último sopro. Educar é acolher. Mestres e aprendizes entrelaçados nos teares da vida, convivendo na construção de crenças e possibilidades, fazendo nascer amanheceres sem desconsiderar os que a natureza nos dá gratuitamente. Estava a pouco observando a lua. Fiquei divagando diante dela. Quantos mistérios! Quantas outras pessoas viam o mesmo luar que eu via naquele momento? Pessoas de diversos dialetos, culturas, tradições. Somos diferentes, mas banhados pelo mesmo luar. E viemos do mesmo barro também. As sonatas é que podem ser diferentes. Insito em nossa derrota como humanidade, quando a violência real ou simbólica nos abate. Somos todos perdedores. Alguns apertam o gatilho, outros fabricam as armas, outros incentivam o agente e outros passivamente assistem à despedida prematura. Desavisados ou sem educação, abandonamos o interior dos nossos sentimentos. É preciso voltar ao interior! Talvez possamos entender um pouco o que aconteceu com as nossas margens. Há tanta busca desnecessária, há tanta ilusão nessa procura que parece nos levar a vitória. Enganos de quem tem preguiça de voltar. Gabriel







Gabriel, Nosso instrumento é a palavra. Ela pode acordar, recordar, convocar. Escrever é oferecer direito de fala que não sabem, ou não podem dizer. O ofício do escritor tem caráter redentor. A escrita é instrumento de purificação. É instrumento catártico. A bondade que queremos para o mundo passa o tempo todo pelo instrumental da palavra. A vida de Jesus gira em torno da palavra que ele anuncia. Jesus é a manifestação histórica de Deus. Precisamos buscar a palavra que reordena a vida. A palavra que desfaz o caos. Antes da obra; o pensamento. Continuemos adeptos da palavra que bem aventura, meu amigo. Pe. Fábio



Pe. Fábio, Lamentamos a ausência de tempo e desperdiçamos o tempo com ausência de intenções. A vida é maior do que um momento. É o tempo o segredo, amigo. As palavras são portas sim, você tem razão. Há momentos, entretanto, em que precisamos dizer as palavras para nós mesmos. É uma conversa íntima em que nos convencemos de que há outras possibilidades na travessia. Permanecer é deixar de buscar ou é buscar sabendo que se tem para onde voltar. Há o tempo da reforma e o tempo da inauguração. Em tempos de reforma é melhor não trazer muita gente. Quando tudo estiver organizado, os convidados serão bem vindos. É possível consumar o tempo da gente? É possível um tempo com o poder de refazer o que desfez? Precisamos do tempo da delicadeza, sentimento que transita da emoção à razão e que desautoriza a gente a se desvencilhar da gente. É um espetáculo cotidiano em que a ssombras não são convidadas. Se há dúvidas, o melhor a fazer é esperar e, se necessário, transitar em outros quintais. Ilusões moram na nossa casa e nos atormentam. Alimentamo-nos de desperdícios. E esperamos. Vestimos a fantasia que nos cai bem e dançamos solitários a presença imaginária. Perda de tempo. Perda de energia. Ficção e realidade ocupam espaços distintos. E o amor? O amor nasceu junto. O sol não pode sair em busca de calor se é ele a essência do calor. O amor é nossa matéria-prima. Nós somos o amor. Quem quiser experimentar a liberdade, comece amando. E todo o tempo será o tempo da delicadeza. Gabriel



Gabriel, A oportunidade de virar o calendário pode ter um efeito positivo sobre aquele que se sente pesado, angustiado, sem esperanças. Comparei o ano velho a uma gaveta que precisa ser limpada. Toda vez que nós temos a sensação de um novo tempo, é natural que nossas almas sejam invadidas por esperanças. Precisamos de outra oportunidade e o calendário nos oferece isso. Há sempre um motivo novo abscôndito nas velhas estruturas da condição humana. A isso chamamos de evolução, superação. A tristeza é um mistério. Onde está sua raiz? É possível compreender a natureza da tristeza? Nem sempre encontramos resposta. O que sabemos é que ela costuma estar diretamente ligada à nossa incapacidade de viver de maneira positiva os limites que nos são próprios. Mas há uma saída. Se não podemos administrar sua chegada, então resta-nos administrar o período de sua permanência. Pe. Fábio



Pe. Fábio, Amigo, estamos nessa vida para viver, conviver e buscar a terra prometida. Escravizamo-nos em detalhes que não conseguimos compreender. A raiva chega com velocidade. Magoamos desnecessariamente. Mudamos o humor por detalhes. É evidente que os detalhes tem importância, mas sua importância maior é dar à vida uma poética nova. Só quem ama pode ter ouvido capaz de ouvir e entender estrelas! A terra prometida está muito mais perto do que imaginamos. É no lugar que vivemos que experimentamos o sabor da vitória. Um dos grandes caminhos para a vitória é o reconhecimento do que somos. É a constatação de que todo o poder é mesquinho quando nos encontramos a sós com a nossa miserabilidade humana. Não somos nada. Somos um sopro que ganhou vida. Temos em nós os sonhos do mundo. E só temos porque primeiro nos esvaziamos. Antes de saber que os sonhos do mundo moram em nós, precisamos concluir que não somos nada. Ser pó é fazer parte de um Universo encantado do verbo amar. Podmeos juntar o verbo viver, conviver, acolher, compreender, participar, partilhar, prosseguir...Verbos que fazem bem só de pensamros neles. Tudo nasceu do verbo. Amigo, quando escrevo para você, escrevo para mim também. O verbo vai ganhando autonomia. As palavras são desafiadoras. A matéria-prima de que somos feitos são duas: pó e amor! O pó explica a nossa existência. O amor, a nossa essência. O pó nos iguala. O amor nos identifica. Gabriel




Gabriel, A religião precisa nos preparar para o amor. O amor ágape! O amor que tenho a Deus, precisa ser desdobrado no amor aos meus irmãos. É lamentável ver o discurso religioso sendo usado como se fosse um armamento bélico. Lideranças religiosas empunhando os seus livros santos como se fossem armas para derrotar os que professam outro credo. Igrejas se levantando umas contra as outras. Discurso religioso reduzido a um tom agressivo, partidário, desejoso de reunir fiéis, mas não para promover a paz, a concórdia. Discurso que tenciona aglutinar pessoas com o mero objetivo de demonstrar soberania e poder. O encontro com outras religiões não nos tira a identidade cristã. O encontro deve nos mostrar o que temos em comum. É a partir desse respeito que a fraternidade é possível. Pe. Fábio


Pe. Fábio, Há muito o que aprender com Jesus. A tentação de mostrar-se vencedor é a falta de compreensão do prolongado dia da vitória. Os religiosos e não religiosos erram e acertam. De nada adianta a educação se as intenções não forem as melhores. A bondade é sem dúvida, a melhor forma de viver o cristianismo. Apresentar um Deus que castiga, que pune, que odeia é querer impor a essência do amor pelo viés do pavor. Absurdo! Discursos vencem debates, mas não garantem a paz! A vida é desafiadora porque não nos traz receitas. Aprendemos o tempo todo. Hoje, vivemos a noite do comodismo, do individualismo, da sincertezas, da depressão, da violência amarga, das derrotas humanas, da ausência de bondade e paz. Mas há claridade! Enquanto uns amanhecem azedados pela droga da noite anterior ou pela ausência de significados que também se constitui uma droga de vida, outros amanhecem ávidos pelo alimento que dão e recebem. São vidas úteis. São temas que conduzem outro temas. Desafinam? Muitas vezes sim. Mas prosseguem. Não se acovardam frente aos obstáculos. Infelizmente, hoje, os invisíveis tornam-se visíveis em uma mídia que busca a audiência na desgraça alheia. Engordam consumindo bobagens. Vivem aquinhoados em caixas protegidas de outros contatos. Estão com as janelas fechadas, amigo. Que desperdício! Contentam-se com o que criaram para aquecer na ausência do sol. Não seria melhor permitir que o próprio sol venha aquecer?Somos pequenos amigo. Limitados.Imperfeitos. Caímos com mais frequência do que gostaríamos. Mas estamos aqui. Em busca do Sol Maior. Obrigado amigo pelo tempo da escrita e pelo tempo da espera. Seu sacerdócio é um exercício poético do Deus que o inspira e o usa como um instrumento de paz. Gabriel



Gabriel, A luz que o mundo precisa, depende do pequeno pavio que cada ser humano pode portar. A estrutura que nos cerca deixou de ser artesanal. Tudo é produzido em série. De alguma forma isso atinge nossa visão de mundo, nosso jeito de ser e agir. A urgência é particular. Esperam pelas soluções, pela luz, achando que alguém as produzirá. Promessas de felicidade que não passam pelo comprometimento, pelo esforço e pela luta diária. Resultado que não requer processo, como se fosse possível chegar ao lugar da promessa sem passar pelo esforço da busca. Felicidades assim duram pouco. A vida nos ensina. Viver dá trabalho. Ser feliz, também. Felicidade é algo profundo, está ligado diretamente à satisfação de sermos quem somos, reconciliados com as nossas escolhas. Manter vivo o compromisso de ser feliz requer observância cotidiana. para isso é preciso termos parceiros nessa caminhada. Saber que fizemos a diferença na vida de alguém é recompensador. A palavra funciona como mão estendida. Não é fácil ir só. A palavra bem dita é bênção que pode aliviar o peso que levmaos sobre os ombros. Arte é redenção. Dispõe o coração para a partilha. A interpretação que fazemos de Deus reflete diretamente na interpretação que fazemos de nós mesmos. A palavra dos que não nos amam também pode servir para o nosso crescimento. Tudo depende do que fazemos com a palavra recebida. Mesmo quando tudo parece errado, a vida não desiste. Há sempre um pavio esperando pela luz. A miséria do mundo não é nada diante dos olhos que ainda são sensíveis aos encantos e mistérios da beleza. Na certeza da comunhão, despeço-me. Pe. Fábio


FIM

















































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